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  • Com informações do Grupo Cultivar

Sucessão trigo-soja produz mais grãos


A combinação do trigo e da soja, para cultivo de inverno e verão, com semeadura nos períodos tradicionais, continua sendo a melhor opção para os produtores do sul do País. Foi o que concluiu pesquisa liderada pela Embrapa Trigo que estudou 24 estratégias de manejo na sucessão trigo-soja para reavaliar a viabilidade técnica e econômica desse sistema de produção.

Apesar de alguns depoimentos de técnicos e produtores sobre maior rendimento de grãos na soja semeada antecipadamente (em outubro), em detrimento da época tradicional em novembro, estudos conduzidos por pesquisadores da Embrapa e instituições parceiras mostraram que a semeadura traz mais benefícios para os agricultores.

Nos municípios do Rio Grande do Sul – Passo Fundo, Três de Maio e Vacaria – e do Paraná – Toledo e Guarapuava, os pesquisadores partiram das opções de manejo utilizadas pelos produtores. O objetivo foi reavaliar a sucessão trigo-soja devido às ameaças provocadas por mudanças no sistema de produção, principalmente pela antecipação da semeadura da soja. Também se observam a utilização de cultivares de soja superprecoces; a antecipação da semeadura do trigo; a antecipação da colheita do trigo, com uso de agroquímicos (dessecantes) para reduzir o ciclo da cultura; a opção por outros cultivos de cobertura de solo. A vantagem do sistema é que as duas culturas se ajustam perfeitamente na produção das estações de inverno e verão, otimizando área, insumos, mão de obra e infraestrutura.

Regionalmente, foram avaliadas 24 combinações de sistemas de produção de grãos, envolvendo estratégias de encaixe de cultivares e épocas de semeadura, utilizando comparações entre alternativas de sucessão trigo-soja e o sistema que elimina trigo ou cevada no inverno e produz somente soja com semeadura antecipada. Também foram avaliadas estratégias químicas ou mecânicas, possibilidades de ajustes no zoneamento agrícola, práticas de manejo específicas para as culturas de trigo e soja, monitoramento de pragas e doenças, além da viabilidade econômica das diferentes opções de manejo.

Entre as conclusões, foi apontado que nas regiões mais frias, representadas por estudos de Vacaria e Guarapuava, o rendimento de grãos da soja pode aumentar em 20% com a semeadura antecipada, mas essa estratégia inviabiliza a cultura de inverno, ou seja, a quantidade total de grãos produzida na área, durante o ano, é menor do que ao de área onde são utilizados os dois cultivos (trigo + soja). Nas regiões mais quentes, representadas pelo estudo conduzido em Três de Maio, antecipar a soja para outubro diminuiu em 18% o rendimento de grãos da soja, além de afetar negativamente o cultivo de inverno.

Na região centro-sul do Paraná, a Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (Fapa) desenvolveu estudos por dois anos, avaliando quatro estratégias no inverno: aveia-preta para semeadura antecipada da soja; trigo de ciclo tardio semeado na primeira quinzena de junho; cevada de ciclo médio semeada em meados de junho; trigo precoce semeado em meados de julho. No verão, foram utilizadas seis cultivares de soja de grupos de maturidades diferentes. De acordo com o pesquisador Juliano Luiz de Almeida, as duas safras foram marcadas por elevado potencial de rendimento de grãos e todos os sistemas avaliados registraram margem operacional positiva e retorno financeiro superior ao valor investido.

No inverno, a média de rendimento de grãos das culturas (cevada e trigo) foi de 5 t/ha em 2012 e chegou a 7,4 t/ha em 2013. No verão, a média de soja foi de 4,7 t/ha em 2012/2013 e de 4,6 t/ha em 2013/2014. A soja semeada antecipadamente em outubro, após aveia-preta, produziu 20% a mais do que a soja semeada pós-trigo e cevada. Porém, o pesquisador alerta que "a retirada do trigo ou da cevada do sistema de produção em lugar da aveia-preta deve ser considerada com cautela. Apesar de aumentar o rendimento de soja, diminui a quantidade total de grãos produzidos anualmente por unidade de área, o que afeta o retorno econômico da atividade agrícola, além de não originar matéria-prima para as cooperativas agroindustriais, como moinhos e maltaria, que movimentam um importante segmento econômico da região", avalia.

A produção de grãos na região Sul do País (especialmente no sul do PR, SC e RS) está centrada na soja (10 milhões de hectares) e no milho (4 milhões ha), no verão, e no trigo (2 milhões ha), no inverno. Outras culturas ocupam menor área, como o feijão no verão (630 mil ha), cevada (90 mil ha), canola (50 mil ha) e aveia de cobertura no inverno (sem registro de área). Considerando os números, estima-se que mais de cinco milhões de hectares ficam ociosos no inverno, muitas vezes em pousio, áreas essas que poderiam estar produzindo trigo ou outra cultura de inverno. Neste contexto, a sucessão trigo-soja é a principal alternativa econômica para os sistemas de produção de grãos no sul do País, gerando renda com a produção e comercialização de grãos no inverno e no verão, compartilhando a estrutura de máquinas e implementos, armazenagem e canais de comercialização.

Confira a matéria completa no site https://www.grupocultivar.com.br/noticias/sucessao-trigo-soja-produz-mais-graos

Matéria elaborada por: Joseani M. Antunes

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