- Felipe Andrade
Sebaldo Waclawovsky, história no cooperativismo e um agradecimento especial a Bom Jesus

Sebalto Waclawovsky é presidente da Coagro – Cooperativa Agropecuária Capanema Ltda – e tem se dedicado há anos no cooperativismo. Sebato entrou como cooperado da Coagro em 1972, passando pelo Conselho Fiscal em 1973, Diretor Secretário em 1977 e, enfim, Presidente em 1981. Com ritmo promissor da cooperativa, se ausentou em 1992 para fazer parte da Cotriguaçu (Cooperativa Central do oeste do Paraná). Voltou a presidência da Coagro em 2001 em meio a uma crise financeira, mas hoje a Cooperativa está com estabilidade financeira. Durante cerimônia do Encontro Estadual de Cooperativistas Paranaenses, em dezembro de 2018, Sebalto foi homenageado com o Troféu Ocepar, em reconhecimento aos relevantes trabalhos prestados ao cooperativismo paranaense. A equipe de Comunicação da Cooperativa Bom Jesus entrevistou o presidente da Coagro.
Comunicação – Sr. Sebalto, agradecemos a entrevista e gostaríamos de saber como foi sua passagem pelo cooperativismo paranaense?
Sebalto - Quero cumprimentar os cooperados da Cooperativa Bom Jesus. Temos uma relação muito antiga com essa cooperativa, como com o Benjamim Hammerschimidt (Ex-Presidente da Cooperativa Bom Jesus e do Sistema Ocepar) a origem dele é dessa cooperativa, o João Paulo Koslovski (Ex-Assessor de Comunicação da Bom Jesus e Ex-Presidente do Sistema Ocepar), então meus cumprimentos aos associados da Bom Jesus. Eu tenho mais de 40 anos como Diretor Executivo em cooperativas, comecei em 1972 como Conselheiro Fiscal da Coagro, de Capanema, e depois em 1977 como Diretor. Desde então fui para a Contriguaçu, que tem moinho um grande moinho de trigo em Palotina e terminal no porto de Paranaguá, então fiz um trabalho de oito anos naquela central. Também fui fundador e primeiro Presidente da Cooperativa Sicredi Fronteira, que hoje além do Paraná no sul do oeste, fronteira com a Argentina e Santa Catarina, foi nos últimos anos abrir filiais em São Paulo. Então essa minha participação foi muito ampla, em cooperativa de produção, cooperativa central, cooperativa de crédito. Fui diretor da Coopersido, uma Cooperativa de seda, que iniciamos nos anos 90 em Umuarama. Foi um período de aprender muito, acho que fui um bom aluno, e hoje posso recomendar muita coisa para os jovens diretores, associados e colaboradores, daquilo que a gente viveu, porque o cooperativismo é mais ou menos igual na política, se você fez a coisa certa então você permanece, se você não fez você saia e esquece que ninguém vai te reconhecer.
Comunicação – E este prêmio da Ocepar, o Troféu Ocepar, qual o sentimento de reconhecimento?
Sebalto - Hoje esse prêmio foi um reconhecimento do trabalho que eu fiz ao longo desses 40 anos e ainda me sinto disposto para atuar mais alguns anos como diretor da Coagro, fazer ainda mais pelo cooperativismo é uma forma humana de você fazer o econômico, atingir o social através do econômico, mas o econômico tem que dar certo, ele tem que dar resultados, então isso que estamos focando ultimamente. E não esquecer nossas origens, eu falei na premiação, que as cooperativas não podem esquecer as suas origens porque o nosso
associado ele é a Cooperativa, nós apenas administramos os serviços que prestamos para esses associados. Porque o rico não precisa da Unimed, o grande industrial não precisa da cooperativa de crédito e o fazendeiro não precisa da cooperativa de produção. Então o nosso público é o mais humilde, que precisa ser atendido, ver suas demandas e aí tem que entrar a humildade, não podemos perder essas origens, a arrogância e prepotência não tem lugar no cooperativismo, então acima de tudo nós somos gente nas cooperativas.
Comunicação – E falando nessa gestão de gente, falando também na questão de atender bem aos produtores, que são cooperados de cooperativas, um relato interessante durante a premiação foi em relação ao Luiz Roberto Baggio, Presidente da Cooperativa Bom Jesus. Poderia explicar melhor como foi esse relacionamento entre cooperativas no passado que trouxe até o presente uma grande amizade?
Sebalto – A história aconteceu no final dos anos 90, início do ano 2000. Como fui para a Cotriguaçu em 1992 e o presidente que assumiu naquele período a Coagro era ex-Prefeito, político e administrou a Coagru como uma prefeitura, tudo pelo social e não olhar o econômico, ele achou que aumentando o faturamento ia ter mais lucro, e ele acabou praticamente deixando no final de 1999 a Coagro em regime pré falimentar. Fui chamado de volta e tinha minhas propriedades sempre naquela região – ainda tenho, sou produtor – e se eu sou Presidente de uma Cooperativa de produção eu preciso ter produção, eu preciso sentir se a Cooperativa está me atendendo bem nos insumos, na assistência técnica e da comercialização, então precisa viver isso na pele, ou seja, se o diretor que não pratica aquilo que a cooperativa esta a fim de prestar serviço ele não vai sentir nunca se ela esta sendo eficiente. Como a Coagro estava numa situação complicadíssima na parte financeira, principalmente, as estruturas de armazenagens e beneficiamento todas sucateadas, eu tive que pegar a minha equipe e fazer uma visita a Cooperativa Bom Jesus da Lapa em 2000, então acertei com o (Luiz Roberto) Baggio, ficamos um dia inteiro com o Milton Locatelli, o Rubens, e tivemos uma aula de como administrar a cooperativa numa gestão profissional. Sempre falo em minhas palestras, falei isso nesse Encontro Estadual, que a Bom Jesus em termos financeiros na proporção de seu faturamento é a melhor Cooperativa com capital de giro próprio, isso nos focamos na Coagro. Na volta nós implantamos a gestão, você não precisa visar o lucro pelo lucro, mas você tem que atingir as sobras para você formar um capital de giro. Onde se tem saúde financeira na tua própria vida particular, na família, na empresa, se você tem saúde financeira você tem saúde mental que é a saúde do corpo também, você trabalha melhor, é mais eficiente, isso nos aprendemos e a Coagro hoje está em uma situação financeira bem sólida, crescemos de 30 milhões para 300 milhões de faturamento, investimos muito em estrutura de armazenagem com mais de 1 milhão de recebimento de cereais já estamos chegando perto de 3 milhões, montamos uma fábrica de rações, temos uma indústria de leite com a Frimesa. Então hoje é uma cooperativa em expansão e o lema que a gente tem é temos que ter ousadia mais com prudência nos negócios, e crescer mesmo que seja devagar, mais crescer sempre. Então essa aula que a equipe, direção da Bom Jesus da Lapa nos deu foi fundamental para que eu pudesse – já tinha visto isso em outras cooperativas, a Coamo é um exemplo no Paraná – em termos de capital de giro próprio, então não depende tanto de bancos, para financiar e tocar o dia a dia. Pode ficar mais tranquilo nos negócios e fazer o cooperado faturar, por exemplo, pagar em 8 a15 dias, a indústria paga em 30 a 40 dias, com um capital de giro próprio você consegue atender a demanda do produtor, e ele cada vez participar mais da cooperativa. Quero agradecer a equipe, direção da Bom Jesus, pela aula aquela época, deu certo e a gente tem um bom relacionamento.
Agradecemos a entrevista concedida pelo Sr. Sebalto Waclawovsky e desejamos sucesso a Coagro.