- Pelo Engenheiro Agrônomo Carlos Alberto Klenki
Plantas com resistência a herbicidas: Problemas aumentam
A cada nova safra vemos novas situações surgirem. Muitas delas dão trabalho até que passemos a dominar uma prática para resolvê-las. Com isso, de um modo geral, há um incremento nos custos de produção. Assim é com doenças e pragas, mas temos visto uma escalada de problemas de plantas daninhas com resistência ao principal herbicida utilizado: o glifosato. Se não tomarmos cuidado, poderemos inviabilizar o uso de um importante herbicida, fundamental nos sistemas de semeadura direta, cujo princípio ativo, o glifosato, foi, é, e continuará sendo de grande importância para esse sistema de cultivo onde o Brasil é referência.
A relação de plantas que se tornaram resistentes a esse princípio ativo engrossa a cada ano, assim como a escalada dessas espécies nas áreas cultivadas. Temos mais uma preocupação: além das já conhecidas espécies de azevém, buva, capim amargoso, carurus e nesse ano o leiteiro ou amendoim bravo. Eram sensíveis ao glifosato e hoje contam com biótipos resistentes. Na nossa região vemos surgir uma espécie chamada cravorana, também conhecida como losna selvagem, artemísia ou ambrósia, cujos nomes comuns podem levar a confusões pois existem outras espécies parentes próximas, parecidas e que muitas vezes compartilham do mesmo nome comum. Mas quando a identificamos pelo nome científico, em qualquer lugar do mundo nos direciona à mesma planta. Ambrosia artemisiifolia, esse é o nome da planta que devemos ficar atentos da sua presença. Caso localizada, deve ser erradicada antes que produza sementes e torne-se um grande problema (foto). Hoje um problema contornável, pode em uma ou duas safras vir a se tornar um problema de dimensões inimagináveis. Digo isso pela capacidade de produção de sementes (foto) e pela dificuldade de controle dessa espécie por outros herbicidas utilizados principalmente na cultura do feijão e da soja, que ocupam grandes áreas de cultivo em nossa região. Se temos a buva como uma espécie difícil de controlar, podemos multiplicar por 10 a dificuldade em controlar essa espécie em meio a lavouras. Outro ponto que merece atenção é sua dispersão pelo manejo de gado, que pode levar sementes de áreas infestadas para outras, o trânsito de máquinas, especialmente as colhedoras que realizaram a operação em áreas infestadas. O resultado é o crescimento das infestações dessa espécie em várias áreas agrícolas, assim como beiras de estrada e pátios. Fica evidente o efeito do trânsito de animais, máquinas e veículos na dispersão da espécie. Isso nos alerta para a necessidade de eliminarmos essas plantas antes que a infestação cresça e as práticas de contenção tornem-se muito difíceis. Nesse momento, ainda é possível não deixarmos que esse pequeno problema se torne algo limitador no manejo de plantas daninhas em nossas áreas.
Tem um ditado japonês que diz: “Todo grande problema que hoje enfrentamos, um dia foi pequeno, não demos atenção, não resolvemos e o deixamos se tornar gigante”. É o que pode acontecer, caso continuemos a ignorar algumas questões e não agirmos a tempo de contê-las.
A Cooperativa Bom Jesus está a disposição do cooperado para esclarecer suas dúvidas e cada vez mais incrementar a produtividade regional.

Espécie de planta daninha resistente a glifosato em lavoura de soja: cravorana

Infestação de cravorana em lavoura de soja. Característica típica de dispersão de sementes pela operação da colheita. Provavelmente uma única planta não eliminada deu origem a essa infestação após colhedora dispersar suas sementes durante sua operação.

Planta de cravorana em estágio reprodutivo. Dezenas de milhares de sementes em uma única planta. Eliminar através do arranquio é simples, barato e resolve sérios problemas futuros com infestações dessa espécie.

Beira de estrada e bordadura de lavouras normalmente são os locais onde se verifica a presença inicial da espécie. Não deixar a planta produzir sementes nesses locais é a primeira tarefa a ser executada.